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Histórico

O Centro Solar dos Andradas

“Neste antigo Solar dos Andradas, José Bonifácio redigiu em 1821, a mensagem do “Fico”, de importância decisiva para Independência do Brasil. Em 6 de Abril de 1938, centenário do falecimento do Patriarca, a Prefeitura de S. Paulo, pelo seu Departamento de Cultura, rememorando o feito, entrega este bronze à guarda do Exército Nacional.”

(Placa ofertada ao Exército Brasileiro pela Prefeitura de São Paulo em 1938, afixada no Corpo da Guarda do CPOR/SP)

 

1. O Sítio histórico do Solar dos Andradas

No alto da colina de Santana, exatamente onde hoje se ergue o quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR/SP) os jesuítas instalaram a sede da fazenda, uma construção tipo solar, com uma capela anexa (Capela Santana), que serviu de convento, abrigando os frades daquela ordem religiosa.

Fazenda Santana

A primeira data em que se tem notícia da existência desse prédio é 1734. Com a expulsão dos jesuítas e a transferência de seus bens para a Coroa em 1761, desaparecem as informações sobre a utilização do imóvel, supondo-se que o Governo Provincial passou a usá-lo como residência para algum de seus integrantes. Essa conclusão é fruto da constatação de que em 1821 residiam no Solar os conselheiros José Bonifácio de Andrada e Silva e Martim Francisco. Confirma-se a suposição pela não inclusão do solar no inventário do patriarca feito em 1838. José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência foi abolicionista, naturalista, minerólogo, geólogo, poeta, advogado, filósofo e grão-mestre da Ordem Maçônica do Brasil. Dedicou grande parte de sua vida à política. Homem de confiança do príncipe regente Dom Pedro, ele teve papel decisivo na campanha que resultou no Dia do Fico e, principalmente, na coordenação da luta para a separação do Brasil de Portugal

O Solar

Nos idos de 1820, o chamado Solar dos Andradas foi palco de um fato que se tornou decisivo para a História do Brasil. Dentre outras medidas contrárias aos interesses brasileiros, as Cortes de Portugal exigiam a imediata volta de D. Pedro à Europa, o que provocou imediata movimentação política no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Até então muitos grupos, inclusive o de José Bonifácio, cogitavam, a harmonia do Reino Unido Brasil e Portugal. As atitudes das cortes desencadeiam os acontecimentos pró-independência. Como resultado da ação, o Clube da Resistência, organizado no Rio de Janeiro, envia emissários a São Paulo e Minas Gerais. O portador da missiva a São Paulo era Pedro Dias Paes Leme, que aqui chegou na noite de 23 de dezembro, dirigindo-se imediatamente para Santana cumprindo a missão que lhe fora confiada, apesar da chuva torrencial que caía. José Bonifácio estava doente e era na ocasião vice-presidente da Província; seu irmão, Martim Francisco, era Secretário. As condições do tempo e o adiantado da hora não permitiam que fossem ouvidos os demais membros da administração provincial.Os três homens vararam a madrugada redigindo um documento conciso e sintético, porém cheio de energia política e habilidade diplomática, exigindo a permanência de D. Pedro.

No alvorecer de 24 de dezembro de 1821, os três patriotas saíram de Santana, com destino ao centro da cidade, para providenciar a reunião dos membros do Governo, colher as assinaturas e mandar a delegação ao Rio de Janeiro. Essas tarefas concluíram-se às onze horas, o que faz supor, levando em consideração as distâncias a serem vencidas e as diligências, que a representação já saiu do Solar com sua redação definitiva, apesar de datada no Palácio do Governo, como não poderia deixar de sê-la. A Representação dos paulistas foi fator preponderante para a decisão de D. Pedro, efetivada em 9 de janeiro de 1822, conhecida a partir de então como o Dia do Fico. Em 1850, o Solar passou a ser sede do Seminário dos Educandos de Santana, uma escola pública. Mais tarde, em 1875, o governo do Estado aproveitou o prédio para ali instalar o hospital de variolosos. Com a mudança do hospital, ocupou o local a "Tramway da Cantareira", linha urbana de trens na cidade de São Paulo, que ali instalou suas oficinas, em 1892.

2. O aquartelamento de tropas

O velho e histórico imóvel foi desocupado em 1894, sendo transformado em quartel das tropas federais de São Paulo, sendo a primeira Unidade aquartelada, o 3º Regimento de Artilharia de Campanha, e a seguir todas as forças do Exército estacionadas em São Paulo. A deterioração do edifício era evidente e como decorrência foi demolido em 1915, ano em que se iniciou a construção de um novo prédio, concluído em 1917, inaugurado em 15 de novembro, com a instalação da 1ª Companhia do 43º Batalhão de Caçadores. A seguir foram construídos dois pavilhões laterais que abrigaram as 2ª e 3ª Companhias. Em 1919 a 6ª RM passou a ser denominada 2ª RM e o 43º BC transformou-se em 4º Batalhão de Caçadores. Foram construídas as garagens em 1941 e em 1946 demoliu-se um pavilhão para a instalação da Companhia de Metralhadoras, atual Companhia de Comando e Serviços do CPOR/SP

3. A criação do CPOR/SP

Em função dos resultados alcançados no Rio de Janeiro, a partir de 1926, o então Ministro da Guerra autoriza o Comandante da 2ª Região Militar, General de Divisão Hastimphilo de Moura a colocar em funcionamento o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo. Instalado primeiramente nas dependências do 4º Esquadrão do 2º Regimento de Cavalaria Divisionária, sediado em Quitaúna (atuais instalações do 4º Batalhão de Infantaria Leve), o CPOR/SP realizou sua primeira formatura no dia 14 de julho de 1930, sendo comandada pelo Capitão Aurélio Alves de Souza Ferreira, naquela época denominado Diretor. Inicialmente era integrado pelos Cursos de Infantaria, Cavalaria e Artilharia e o período letivo era de dois anos, com instrução aos finais de semana. Os materiais e animais utilizados pertenciam às unidades da área, como o 4º RI, 4º BC, 2º GIAP e IV/2ºRCD.

Já no início de 1931 transfere-se a sede para três salas no 4º andar da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional. As instruções eram ministradas no Mackenzie College e no Tiro-de-Guerra nº 35, permanecendo a parte prática nas unidades da Guarnição. Com a eclosão da Revolução Constitucionalista, os alunos do CPOR/SP foram incorporados às Forças Revolucionárias, por ordem do Comandante da 2ª Região Militar, General Bertholdo Klinger, demonstrando nas várias frentes de combate, coragem, abnegação e o valor de sua formação militar. A derrota dos paulistas acarretou a extinção do CPOR/SP em 26 de setembro de 1932. Em maio de 1934, o Ministro da Guerra, General Pedro Aurélio de Gois Monteiro, autoriza o Comandante da 2ª Região Militar, General Olympio da Silveira a reorganizar o Centro, que passa a ocupar um prédio alugado, situado na Avenida Tiradentes, nº 13. As aulas práticas continuaram a ser realizadas nas Organizações Militares da área, agora com o apoio, também, do Regimento de Cavalaria da Força Pública do estado de São Paulo (atual Regimento de Polícia Montada 9 de Julho, da PMESP). Em dezembro de 1942 completa-se a mudança para um prédio alugado na Rua Abílio Soares, bairro do Paraíso, próximo a outras unidades do Exército, que apoiavam os exercícios no terreno para os futuros oficiais, dispondo de áreas do Parque do Ibirapuera para a prática de suas instruções.


Inauguração do CPOR/SP na Rua Abílio Soares

O ingresso do Brasil na II Grande Guerra Mundial fez com que a mobilização nacional demonstrasse a correção do pensamento inovador do Capitão Correia Lima. Grande parte dos oficiais subalternos que defenderam a democracia nos campos de batalha da Itália eram oriundos da reserva. Destes, 40 eram oriundos do CPOR/SP, entre os quais o Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira, que morreu heroicamente em combate.

Placa em homenagem aos ex-alunos integrantes da FEB, localizada na Sala de Exposições Tenente Amaro no CPOR/SP

Ao final da guerra, o Exército sofreu algumas transformações. Dentre elas a transferência do 4º Batalhão de Caçadores. Sua sede, localizada no outeiro de Santana passou a ser ocupada pelo Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo, a partir de março de 1948 até hoje.


Inauguração do CPOR/SP em Santana (1948)

Em 27 de janeiro de 1955, pelo decreto nº 36.825, o Presidente da República cria o Estandarte-Distintivo para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo, sendo este confeccionado na cor azul celeste, com o Símbolo do Exército, nas suas cores e metais, de dimensões iguais à um terço da altura da talha, abaixo do símbolo as inicias CPOR e abaixo deste a cidade sede, no caso, São Paulo, em caracteres dourados, possuindo também uma franja em ouro em toda sua volta e um laço militar das cores nacionais com o dístico CPOR/SP.


Formatura matinal na década de 50, em Santana, no denominado Pátio Patriarca da Independência

1936 - Instalado o Curso de Intendência, então denominado "Administração".

1942 - Inicia-se o Curso de Engenharia.

1995 - Começa a funcionar cursos de Comunicações e de Material Bélico.

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